THE WEB AS AN INTERACTIVE EDUCATIONAL TOOL - EDU611-2.2

Comparações entre Web 1.0, 2.0 e 3.0

Conteúdo organizado por Priscila Costa Santos em 2018 do livro Unleashing Web 2.0: From Concepts to Creativity, publicado em 2007 por Morgan Kaufmann Publishers. Revisão 2020.

Comparações entre Web 1.0, 2.0 e 3.0

Objetivos de Aprendizagem

Introdução

No primeiro tema desta unidade, objetivando iniciar o debate sobre o desenvolvimento da web, demos início às diferenciações entre os seus tipos. Assim, como vimos, a Web 1.0 possibilitava poucas interações entre seus usuários, escassas possibilidades de produção de conteúdos pelos usuários, as páginas eram estáticas e sua maior finalidade era ser repositório de conteúdos. Por sua vez, a Web 2.0 é a considerada a Web Social, as interações entre os sujeitos são extremamente impulsionadas, assim como a produção de conteúdos pelos usuários. Já a Web 3.0 é a web da transformação da informação para o conhecimento.

Essas foram algumas das características e diferenças ressaltadas no primeiro tema desta unidade, agora iremos aprofundar nossas reflexões sobre esses três tipos de web.

Web 1.0 – os primórdios da web

Retomando, a World Wide Web é um sistema que, por meio de hipertextos conectados à internet, permitia que os usuários tivessem acesso a informações. A primeira versão da web tinha um processo de transmissão de conteúdo semelhante ao da televisão, em que o repórter é o principal interlocutor no processo. Como destacamos, na Web 1.0 “existe um administrador [...] que é quem determina o que, quando e como, dos conteúdos aos quais os usuários podem acessar [...]; os usuários, por sua vez, limitam-se a ler, seguir as instruções e baixar arquivos de um lugar estático que se atualiza com determinada periodicidade” (Coll; Monereo, 2010, p.35).

Você consegue imaginar como seria uma página da web nessa fase?

Convido-o a acessar uma das primeiras páginas que o pesquisador Tim Berners-Lee desenvolveu para apresentar a World Wide Web: <https://bit.ly/3nE7NT5>.

Quais características chamaram a sua atenção? A quantidade de informação presente? A ausência de cores ou imagens?

Para Pegoretti (2011), os sites da Web 1.0 possuem três características:

•  São estáticos – os sites estáticos, geralmente, não alteram os seus conteúdos com frequência, não possibilitam interações, como realizar buscas ou cadastrar usuários, e somente o desenvolvedor da página tem permissão para realizar atualizações de conteúdo.

•  Não são interativos – os usuários podem somente acessar o site, sem realizar alterações em seu conteúdo. Essa característica, apesar de ser marcante na Web 1.0, ainda é extremamente comum na Web 2.0 e na Web 3.0, a exemplo dos sites de grandes empresas. Porém, na Web 1.0 os sites não eram interativos pela ausência de subsídios tecnológicos que contribuíssem para que as páginas fossem mais interativas.

•  Os aplicativos ou softwares da Web 1.0 são fechados – para Pegoretti (2011), os aplicativos, os softwares ou outros instrumentos criados na Web 1.0 não permitem que os usuários possam modificá-los, assim como os dados dos softwares não possibilitam que os usuários saibam como eles são desenvolvidos. Na Web 2.0, por sua vez, os recursos são formados como os programas de fonte aberta, em que usuários podem modificá-lo ou têm acesso a como funcionam, a exemplo do Ambiente Virtual de Aprendizagem Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment (Moodle).

Coll e Monereo (2010), em seus estudos, realizaram uma comparação entre a Web 1.0 e a visão transmissiva-receptiva do ensino e da aprendizagem. Para esses autores, os desenvolvedores ou administradores da página efetuam papel similar ao dos professores, ao deliberarem quais, quando e como os conteúdos devem ser assimilados pelos alunos. Assim, os alunos, ou os usuários, limitam-se a ler e seguir as instruções recebidas.

Web 2.0 – Web Social

A segunda versão da web, Web 2.0 ou Web Social, como já destacamos, é marcada pelo protagonismo dos sujeitos no processo de partilha e na construção de conteúdos. Para Coll e Monereo (2010),

por meio da utilização de protocolos padronizados, graças a linguagens como XML ou AJAX, qualquer usuário pode utilizar o conteúdo de uma página web em outro contexto e acrescentar aplicações específicas em uma página pessoal (por exemplo, criando páginas híbridas com informação própria e acrescentando um aplicativo de estradas e uma agenda, que ele pegou em outro lugar. (p. 36)

É certo que somente a inserção ativa dos sujeitos na web já seria uma grande modificação, ao compararmos o desenvolvimento da Web 1.0 para a Web 2.0. Entretanto, no livro Unleashing Web 2.0: from concepts to creativity são postos três marcos de desenvolvimento e impacto no processo de transição entre esses tipos de web.

O primeiro marco versa sobre o fluxo de aplicativos – navegadores e buscadores –, discorrendo sobre as principais mudanças da web até a forma como a conhecemos hoje. Ou seja, a web como cada biblioteca de informações a que temos acesso por meio dos motores de busca e portais, a web como uma plataforma de comércio por intermédio do qual pessoas e empresas fazem grandes porções de seus negócios, e a web, como um repositório midiático que mantém informações e conteúdos com formatos diversos gratuitamente. Diferentemente da Web 1.0, em que a indexação das informações era um dos grandes marcos, na Web 2.0 o processo de acesso e busca das informações, de forma autônoma pelos usuários, ganha destaque.

Nesse marco, a ascensão dos navegadores e dos mecanismos de busca é enfatizada. Como seria acessar a internet sem utilizar o Google Chrome, ou o Mozilla, ou o Internet Explorer? Como seria possível realizar pesquisas acadêmicas sem buscadores como Scielo e Google Acadêmico?

Os navegadores foram a primeira porta de acesso aos usuários comuns, ou seja, nós, para a participação ativa na web. É notório que na Web 1.0 os navegadores, mesmo que de forma rudimentar, já permitiam que os usuários pudessem se conectar à rede das redes. Então, o que mudou? Por que os navegadores ganharam tanto destaque nesse primeiro marco?

Com o crescente número de redes sendo exponencialmente interligadas à internet, os navegadores passaram a não somente conectar os sujeitos à internet, mas também contribuir para que mecanismos de buscas fossem desenvolvidos.

Parece algo simples mencionar que para realizar uma pesquisa acadêmica você precisará acessar um Portal, como o Banco de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), para obter as Teses ou Dissertações que gostaria de ler sobre um determinado tema. No entanto, na Web 1.0 encontrar informações dependia do ato de exploração. Esse ato de explorar informações tinha dois desafios: o primeiro consistia no crescente número de conteúdos que eram inseridos na web, e o segundo era a exploração sem um alvo predeterminado. Ou seja, era como entrar em um crescente labirinto sem ter um mapa que pudesse direcionar para uma das saídas.

A exploração tem uma perspectiva extremamente prática, isto é, como seria possível encontrar informações específicas nesse “hiperespaço? Ainda nos primeiros dias da web, a exploração e a busca foram logo identificadas como relevantes, no entanto, mesmo na Web 1.0, ferramentas de busca ainda não estavam em funcionamento. Os buscadores, atualmente, são uma das principais ferramentas da web. É tão imensa a sua relevância que os primeiros buscadores surgiram logo após o lançamento da web.

O segundo marco diz respeito ao desenvolvimento tecnológico, especialmente àquele que permitiu e ainda permite o avanço da web. Quem se recorda de utilizar a internet através da linha telefônica, a famosa internet discada? Da indisponibilidade em utilizar o telefone simultaneamente à linha discada da internet?A chegada e a ampla disseminação da tecnologia de rede sem fio tornaram possível se conectar à internet sem cabos. Muitos dispositivos modernos, principalmente computadores portáteis, foram capazes de estabelecer uma conexão com o ponto de acesso mais próximo apenas por si mesmos. Ao mesmo tempo, as redes baseadas em cabos, com fibra óptica (que substituíram fios de cobre em grande medida), começam a chegar às casas particulares. O caso da internet discada é apenas um dos inúmeros exemplos de avanços tecnológicos que ampliaram o desenvolvimento da web.

O terceiro marco diz respeito à participação dos usuários na web. Ou seja, como as diferentes gerações de pessoas alteraram sua percepção e participação na web, como se acostumaram com a web enquanto um meio de comunicação, uma plataforma de socialização, um fórum de discussão, uma plataforma de negócios, um dispositivo de armazenamento para seus diários, e como uma enciclopédia em constante crescimento e expansão. Imagine um estudante de 18 anos de idade em 1993. Essa pessoa provavelmente nem percebeu de imediato o que a web poderia fazer para ela. Essa mesma pessoa, agora com seus quarenta anos, já se acostumou a acessar o correio eletrônico, tanto nos negócios quanto em sua vida privada, utilizar conta bancária, procurar informações, troca de fotos com amigos, e provavelmente algumas outras atividades que podem ser facilmente realizadas através da web. Assim, como será o uso da web daqui a 30 anos, considerando as crianças que nasceram hoje? Como essas pessoas contribuirão para o avanço da web?

Alguns exemplos de como os usuários podem contribuir para o avanço da web, por meio do uso de suas ferramentas, principalmente no contexto educacional, serão apresentados no próximo tema.

Web 3.0 – Web Semântica

A Web 3.0 ­ou Web Semântica, como destaca Coll e Monereo (2010),

é uma visão da internet cuja proposta é de que a informação possa ser compreensível para – e não apenas localizável e acessível – os computadores, e isso com a finalidade de que eles possam realizar exatamente as mesmas tarefas que os humanos e não se limitem apenas, como realmente fazem agora, a armazenar, buscar, encontrar, processar, combinar e transferir informações. (p. 37)

Nessa nova geração, são presentes as preocupações com o crescente número de informações geradas e, principalmente, como a organização dessas informações por meio dos sistemas de computadores pode ser disposta a fim de que os usuários possam ser melhor atendidos.

É a através da Web Semântica, por exemplo, que o Spotify consegue indicar para você novas músicas ou novos artistas semelhantes aos que você gosta ou está escutando atualmente. Da mesma forma, que aparecem anúncios de passagens áreas no seu Facebook, após uma pesquisa que você fez sobre praias no Nordeste. E, ainda, a Amazon realiza indicações de livros para você.

Finalizando, realizamos uma adaptação do quadro desenvolvido por Coll e Monereo (2010), que sintetiza as principais comparações entre a Web 1.0, 2.0 e 3.0.

Quadro 6.1 – Comparação entre a Web 1.0, 2.0 e 3.0

Fonte: Coll e Monereo (2010).

Através das reflexões em relação aos contextos de aprendizagem, os próximos dois temas irão discorrer sobre o uso da Web 2.0 no contexto escolar e no contexto universitário. Para isso, iremos apresentar pesquisas acadêmicas (Bassani, Barbosa, Eltz, 2013; Simões; Gouveia, 2011; Santos; Almeida, 2017) que centram seus estudos na Web 2.0 nesses dois tipos de contextos.

Bons estudos!

Saiba Mais

Leitura:

1- Leia o livro Unleashing Web 2.0: from concepts to creativity, que aborda os processos de transição entre a Web 1.0 e a Web 2.0, com destaque para as mudanças sociais, econômicas e políticas.

2- World Wide Web completa 30 anos. Disponível em:<https://glo.bo/3oEjxpX>

Na ponta da língua

Referências
Bibliográficas

Bassani, P. B. S.; Barbosa, D. N. F.; Eltz, P. T. (2013) Práticas pedagógicas com a web 2.0 no ensino fundamental. Espaço Pedagógico, Passo Fundo, v. 20, n. 2, p. 286-300, jul./dez. Disponível em: <https://bit.ly/3i4ou97>. Acesso: 29 jan. 2018.

Coll, C.; Monereo, C. (2010) Educação e aprendizagem no século XXI: novas ferramentas, novos cenários, novas finalidades. In: Coll, C.; Monereo, C. (Orgs.). Psicologia da educação virtual: aprender e ensinar com as tecnologias da informação e comunicação. Porto Alegre: Artmed, p. 15-46.

Figueiredo, A. D. (2016) A pedagogia dos contextos de aprendizagem. Revista e-Curriculum, São Paulo, v. 14, n. 03, p. 809-836 jul./set. Disponível em: <https://bit.ly/3qaowz1>. Acceso: 28 jan. 2018.

Pegoretti, L. S. (2011) Diferenças entre Web 1.0, Web 2.0 e Web 3.0. Monografia, 16f. Centro Universitário de Vila Velha (UVV). Disponível em: <https://bit.ly/35A7Dpp>. Acesso: 28 jan. 2018.

Santos; P. C.; Almeida, M. E. (2017) O Facebook como integração entre o contexto formal e informal. Atas da X Conferência Internacional de Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação – Challenges 2017. Braga, de 8 a 10 de maio de 2017. Disponível em: <https://bit.ly/3q7q1xM>. Acesso: 28 jan. 2018.

Simões, L.; Gouveia, L. B. (2011) Apropriação de tecnologia “Web 2.0” no ensino superior. Cadernos de Estudos Mediáticos, Porto, n. 8. Disponível em: <https://bit.ly/3smjwt8>. Acesso: 28 jan. 2018.

Vossen, G.; Hagemann, S. (2007) Unleashing Web 2.0: from concepts to creativity. Burlington: Morgan Kaufmann.

THE WEB AS AN INTERACTIVE EDUCATIONAL TOOL - EDU611-2.2

Comparações entre Web 1.0, 2.0 e 3.0

Livro de Referência:

Unleashing Web 2.0: From Concepts to Creativity

Gottfried Vossen and Stephan Hagemann

Morgan Kaufmann Publishers © 2007

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